Dou
oficinas desde 1990. Puro atrevimento. A primeira concluiu com o espetáculo Tropicanalha, uma divertida experiência em terras balsenses. De lá pra cá, me aventurei por várias
práticas, laboratórios, tentativas e vertentes. Hoje, uma das oficinas que a pequena oferece é a que
demonstra nossa “metodologia” de construção.
A
experiência de ministrar a oficina “O Quadro de Antagônicos como instrumento de
treinamento para o ator” em 12 cidades do norte e nordeste do país foi
instigante e nos auxiliou a perceber como as pessoas compreendem o nosso
processo. Fazendo uma avaliação geral, pese ao desnivelamento entre os participantes de algumas turmas, uma gama significativa de pessoas
demonstrou claro entendimento do nosso "sistema", dialogando,
discutindo e encontrando referenciais para que a troca fosse o mais fértil
possível. Turmas como as de Teresina e Natal buscaram além do conteúdo das três
jornadas que compunha o treinamento, e procuraram aprofundar o entendimento em
diálogos informais ou nos debates – onde a prática experimentada na oficina se
contrapunha aos resultados atingidos em Pai & Filho.
A
satisfação que sinto aponta para o objetivo do exercício. Não nos interessa
estabelecer nosso fazer como método, sistema ou algo a ser seguido. É apenas o
nosso jeito de fazer. A forma como fomos construindo o nosso dizer no decorrer
dos anos. O principal objetivo é democratizar esse caminho para que as pessoas
conheçam. Quantas vezes vi um espetáculo e fiquei morrendo de vontade de saber como
eles conseguiram aquilo? Aquele prazer de ir além da observação e conhecer os
meandros da construção. Por isso insistimos nos debates e nas oficinas, para
que os mais curiosos encontrem um espaço para poder dialogar. Não podemos
obrigar os outros a nos mostrar como fazem, mas podemos mostrar para os outros
como fazemos.